6 de Maio de 1994 | "Isso não é nada comigo!"
Diamantino Durão e Coutos dos Santos já haviam tido passagens meteóricas pelo Ministério da Educação, mas quem lhes tinha sucedido, Manuela Ferreira Leite, tinha objectivos de maior longevidade na política portuguesa.
Interpelada pelo Diário de Notícias*, sobre as cargas policiais nas manifestações dos estudantes do secundário de dia 4 de Maio, Manuela Ferreira apenas afirmou "Isso não é nada comigo!". Já tinha aprendido!
Nas mesma página, o DN, faz referência a um aluno da Escola C+S de Sabrosa em Vila Real, que terá sido arrastado pelos cabelos para dentro de uma sala de aula por um professor que não o deixou fazer greve. Outros colegas afirmavam também terem sido coagidos a não participar no protesto.

* Diário de Notícias, Sexta-Feira 6 de Maio de 1994

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24 de Novembro de 1993 | As cargas policiais sobre os estudantes

"Chama-se Gilberto Raimundo, tem 21 anos, e foi ontem, à frente da Assembleia da República brutalmente espancado por um polícia. Um rosto, a sangrar, entre outros. Milhares de estudantes protestavam contra as propinas. A polícia investiu e nem o Major Tomé foi poupado.
Atacaram pelas costas e foi isso que mais chocou os estudantes. Os traseuntes, também, que, estando ali por acaso foram alvo da bordoada. Um idoso foi espancado. Estava ao pé da paragem 100."

Cadi Fernandes, Diário de Notícias, Quinta-Feira 25 de Novembro de 1993

No dia 24 de Novembro de 1993, Dias Loureiro e Cavaco Silva, foram a voz de comando para que o Corpo de Intervenção da PSP, espancasse os estudantes desobedientes e os mirones da manifestação que decorria nas escadarias da Assembleia da República. Couto dos Santos, então Ministro da Educação, foi atropelado pelos acontecimentos. As manifestações sucederam-se e, Cavaco e Loureiro que nunca foram de "solidariedades", optaram por lançar fora do barco Couto dos Santos - aquele que dos três seria o menos responsável pelos acontecimentos.
Cavaco, não comentava as manifestações nem as propinas, mas fazendo com que Couto dos Santos se demitisse conseguia concentrar neste todas as responsabilidades. O seu silêncio procurava cobardemente disfarçar as suas responsabilidades. Ainda faltavam dois anos para Cavaco ser derrotado!

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Os amigos são para as ocasiões...


Dos 318 nomes que constam na Comissão de Honra da candidatura do Professor-que-não-é-político-nem-nunca-foi-nem-quer-ser-deus-nos-livre-e-guarde destaco o seguinte:
  • está lá o João César (abominável) das Neves;
  • também está o João Pedro Pais;
  • não podia faltar o Filipe La Féria - há que pagar dívidas antigas;
  • estão lá vários ex-ministros dos governos do Professor, tais como Leonor Beleza, Braga de Macedo, Ferreira do Amaral, Silva Peneda;
  • está lá a Professora Doutora Maria Vitalina Leal de Matos, que foi minha professora de Introdução aos Estudos Literários, no 1º ano da Faculdade, e que só por si já é um excelente motivo para ser contra a candidatura do Professor;
  • um dois três (!) agricultores, nem mais nem menos que 0,9% do total dos membros;
  • dos 318 membros, 67 são empresários ou gestores o que dá 21%. Ou seja, mais de um quinto dos membros da Comissão de Honra do Professor são empresários ou gestores...

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Comichão de Honra



No mesmo dia em que apresentou o seu Manifesto, o Professor apresentou a sua Comissão de Honra.
A lista, imensa, merece um olhar mais atento. Especialmente se formos contabilizar o número de gestores e empresários que lá se encontram. Mas, helás, quase no final da mesma, há um nome que se destaca. É ele mesmo, Ricardo Sá Pinto, jogador de futebol. O mesmo que há uns anos invadiu um estágio da Selecção Nacional para agredir, a murro e a pontapé, o seleccionador nacional da altura, Artur Jorge.
Bonito!

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Cavaco, no seu segundo "discurso do rigor", enganou-se no número de desempregados existentes em Portugal. Esqueceu-se de mais de 150 mil!

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Quem faz uma busca no Sapo ou no Google de notícias sobre a primeira luta contra as propinas, PGA ou contra as portagens da ponte 25 de Abril depara-se com um problema: a Internet só tem memória a partir do momento em que saiu das esferas militar-universitária para o mundo. Assim, quem fizer esta procura constata que apenas se pode encontrar algumas referências, escritas na actualidade, ao sucedido. Julgo que este blog e, com os contributos de quem o entender, também poderáservir para recuperar e publicar alguns desses documentos relativos a esses dez cinzentos anos de cavaquismo.

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A candidatura de Cavaco Silva e, sobretudo, a imagem que mais uma vez se está a tentar passar de homem sério e de rigor, provocaram em mim um sobressalto cívico.
Faço parte de uma geração que passou toda a sua adolescência política num regime construído por este senhor e que se recorda da forma como o homem que um dia disse nunca se enganar e raramente ter dúvidas, desprezava a Cultura, a Escola, as Artes, a Saúde, enfim as Pessoas, em beneficio de uma série de adjectivos que Cavaco ainda continua a utilizar como seu património, como Rigor ou Seriedade.
Porque não posso esquecer quem foi e o que significa Cavaco e a sua trupe e porque luto por viver num país com memória associo-me a este blog.

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(...) Cavaco apresenta-se não apenas como um profissional competente mas sublinha que é alguém cuja competência se encontra “fora da política” — como se a política fosse coisa nenhuma ou apenas a arte da indecisão, da ignorância ou do acaso (senão da venalidade). A mensagem é subliminal, mas está lá. E esta ideia de política é errada e é perigosa. Era-o quando Cavaco era primeiro-ministro e é-o hoje. Não é perigosa porque Cavaco seja um ditador em potência: é perigosa porque não contribui para melhorar a política e a democracia, porque apela à menoridade dos portugueses ao prometer-lhes uma tutela em vez de lhes exigir cidadania e participação, é perigosa porque não exige esforço nem qualidade mas pede apenas a mais passiva das fés. Cavaco nem pede que o sigam a lado nenhum, pede apenas que lhe passem uma procuração.” José Vítor Malheiros in Público

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Afinal a Direita não está toda com Cavaco


BLOGUE DE APOIO A CAVACO EM DIFICULDADES

Pedro Lomba está à procura de independentes para
apoio à candidatura. A criação de um blogue suportado
por apoiantes declarados da candidatura de Cavaco Silva
está a encontrar algumas dificuldades devido à recusa
de participação de independentes.

Pedro Lomba, jurista já com experiência na blogoesfera,
está a frente do projecto. Pedro Lomba, que foi um
dos responsáveis pelo blogue Fora do Mundo, agora é colunista
no Diário de Notícias e faz parte da comissão política da
candidatura, confirmou estar a “reunir um grupo de pessoas
independentes para avançar” com o blogue. Disse ainda não
ter nome e confirmou não saber quando arrancaria. Pedro
Lomba escusou-se a adiantar quais as personalidades que vão colaborar.

Mas o PÚBLICO sabe que os primeiros contactos não estão a
correr bem. Já houve algumas recusas de peso, entre alguns
dos nomes mais conhecidos da blogoesfera. Pedro Mexia,
que colaborou no blogue Fora do Mundo e até recentemente
no programa da SIC Notícias Eixo do Mal, foi um dos independentes
que recusou colaborar. “Falaram-me nisso, sim”,
confirmou o crítico literário e poeta que justificou a recusa:
“Não sou um entusiasta dessa candidatura.”
Nuno Amaral Jerónimo, um dos professores da Universidade
da Beira Interior que alimenta o blogue dos Marretas,
confirmou também ter recusado o convite. Além da sua
“leve inclinação monárquica”, o facto de considerar não estar
“em causa o regime” foram as razões para não aceitar. José
Diogo Quintela, um dos humoristas do grupo Gato Fedorento
e das Produções Fictícias, foi outro dos que recusou. Eduardo
Nogueira Pinto, filho da vereadora em Lisboa Maria José
Nogueira Pinto e que escreve no Acidental, também recusou
participar. O PÚBLICO tentou durante o dia de ontem contactar
sem sucesso os dois últimos citados. in Público 25-10-2005

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Afinal, Cavaco engana-se, e muito


Cavaco sempre falou no fim da Segurança Social e da sua falência. Sempre brandou que os privados deviam tomar conta do futuro dos cidadãos. Ora, esta notícia vem provar que este senhor engana-se, e muito. Vem provar que com uma política certa, a Segurança Social continuará muitos anos com dinheiro. De preferência se os abastados e as empresas nacionais pagarem os seus impostos todos, e não os declararem nas off-shores...


Segurança Social com saldo de positivo de 101,8 milhões de euros em 2006
24.10.2005 in Lusa

A Segurança Social vai ter um saldo positivo de 101,8 milhões de euros em 2006, na óptica das contas nacionais, revelou hoje o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, José Vieira da Silva.

"Este é um orçamento equilibrado, pois apresenta, na óptica das contas nacionais, um saldo que passa de um défice de 45 milhões de euros em 2005 para um saldo positivo de 101,8 milhões de euros em 2006", afirmou José Vieira da Silva em conferência de imprensa

(...)

A justificar o crescimento da receita estão as contribuições, que aumentam 5,1 por cento, para 11.438,2 milhões de euros, em resultado da melhoria da eficácia de cobrança contributiva através do combate à fraude, e o aumento da base de incidência contributiva dos trabalhadores independentes.Também as transferências do Orçamento de Estado e Adicional ao IVA registam um crescimento de 12,1 por cento, para 6.306,1 milhões de euros, face à estimativa de 2005

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Diz-me com quem andas...



Se mais motivos fossem necessários... Um apoio destes vale por muitas palavras!

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Recordar Cavaco


Recordar os 10 anos de governação de Cavaco será, para muitos, um exercício doloroso. É, no entanto, urgente e necessário. Os anos do suposto oásis anunciado por Braga de Macedo. Os anos em que a torneira europeia jorrava de forma incansável. Em que os fundos eram distribuídos sem o menor respeito pelas regras. Em que os tractores no Alentejo eram todos Mercedes, BMW ou Range Rover. Os anos que lançaram o nosso declínio. Em que vimos o avanço irlandês e espanhol.
Passados estes 10 anos, Cavaco mergulhou na penumbra. Saíu para testar a memória dos portugueses, à 10 anos atrás. Os portugueses demonstraram-lhe que ainda se lembravam dele e deram a Presidência a Sampaio.
Mais 10 anos se passaram. E Cavaco voltou para a penumbra. Chegou mesmo a dizer que a política lhe prejudicava a vida académica. Reaparece novamente, qual D. Sebastião, quando a direita perdeu o Governo. Alimentou o tabu da forma que quis e viu a comunicação social preparar-lhe o caminho como se de uma operação de cosmética se tratasse.
Ontem surgiu sozinho. As figuras do passado incomodam muita gente. Mas incomodam, principalmente, o próprio Cavaco. Ele que sabe que o pior do cavaquismo estará, também, nos próprios cavaquistas. A Jota ainda gritou que estava com ele. E ele sorriu. De forma forçada e amarela.
A luta vai começar. E até 2006 todos os esforços serão poucos para impossibilitar que o Homem que come Bolo-Rei para fugir às questões dos jornalistas regresse à ribalta. Vamos fazer-lhe um favor. E possibilitar-lhe a continuação de uma brilhante carreira académica!

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Rodagem até Belém


Um texto a ter em conta:

Passado este período eleitoral autárquico, chegou o momento que todos aguardam saber se, afinal, o homem que marcou parte de uma geração e de muitas juventudes, pelos piores motivos (ou não pelos melhores motivos), vai ser ou não candidato a presidente da República.

Nada de novo, afinal. Porém, desta vez, o dito senhor não irá certamente fazer a rodagem do carro até Belém e sair de lá presidente da República.Recordam-se deste homem que, depois de dez anos como primeiro-ministro, saiu num tabu com o país e com o seu partido? E que voltou meses depois, novamente em forma de tabu e nada disse. E que logo de seguida perdeu.Dez anos volvidos de muito silêncio e isolacionismo, este "académico" vai buscar a sua característica mais conhecida - o silêncio -, para se "mostrar" novamente aos portugueses.
De mansinho, sem fazer ondas, vai-se instalando, sem que ninguém saiba o que sente ou pensa dos múltiplos problemas concretos que Portugal atravessa.A última vez que em Portugal alguém apareceu assim, também chegou de mansinho, igualmente com uma imagem de grande profissional e académico (mas sem uma única exteriorização pública de posição alguma) e, quando demos por ele, ficou a "reinar" até cair da cadeira.

Este "novo" homem, ora recuperado, recebeu camiões diários de ECU e, mesmo assim, não deu um novo rumo ao país. Que, com mais camiões ainda, encontrou forma de deixar milhares e milhares de trabalhadores precários a manter o funcionamento do Estado português.Foi ele que assegurou que, desse por onde desse, todos pagariam a sua educação e quem protestasse seria violentamente reprimido. Que assegurou que a Segurança Social pública não tinha sentido e, por isso, mais valia um sistema privado de protecção social como o dos Estados Unidos, em que a pobreza existe, mas não se vê (excepto quando há furacões!).

Foi ele que travou o descontentamento de polícias com canhões de pressão de água e gás lacrimogéneo. Foi aquele que não quis saber da Imprensa, pois esta não diz a verdade e não lhe merece respeito. Foi aquele que não quis saber do Mundo, pois nunca se engana e raramente tem dúvidas.Este homem procurou criar uma sociedade e uma geração que fosse egoisticamente competitiva e não saudavelmente cooperativa e progressista.O homem que não chegou a dizer que Portugal está orgulhosamente só, mas não defendeu a entrada de Portugal na CEE. O homem que defendeu que cada um de nós é um número (a mais ou a menos) e que é individualmente que temos de tratar da nossa vidinha e esquecer os outros, pois só empatam!Este homem quer agora pôr o país em suspense, à espera que ele seja o D. Sebastião, o salvador da Pátria. Ou mesmo à espera que ele seja o Príncipe Perfeito. Este homem quer que esqueçamos aquilo que todos conhecemos, mas de que poucos já se lembram e que, com aquilo que ninguém ouviu da sua boca, o declarem líder salvador de Portugal.Líderes como o JFK, W. Churchill, Nelson Mandela, F. Mitterrand são líderes que se comprometem. Líderes que lutam por aquilo que acreditam e que combatem aquilo em que não acreditam. Com líderes como estes, o povo sai à rua por eles, abraça com eles as suas causas. Estes são líderes democráticos. Os líderes democráticos ouvem o povo e procuram que este acredite neles e os siga, não promovem um seguidismo cego ou mesmo despido de cor, brilho ou ideal.Os líderes democráticos esperam que, se for caso disso, o povo lhes diga que "o rei vai nu", (!) e que eles possam refutar dizendo e descrevendo as suas pomposas vestes. Ao contrário destas grandes figuras internacionais, que "novo" homem é este, tão perfeito, que se alguém lhe disser que "vai nu" ninguém consegue sequer imaginar como vai descrever as suas vestes.As vestes são claras autoritarismo e arrogância de quem não quer discutir com o povo. O lobo vestido de cordeiro!Professor Cavaco Silva, por uma vez, mostre-se para que todos o possam ver!"

Por Jamila Madeira - Eurodeputada

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Primeiro. Contra Cavaco marchar, marchar!

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Quem somos?

    Fazemos parte de uma geração que nasceu politicamente com Cavaco Silva como Primeiro-Ministro. Organizámos e participámos em manifestações, vigílias e reuniões por um mundo que sabíamos não dever ser dominado por um gestor iluminado que com discursos de rigor escondia o desenhar da crise em que continuamos a viver. Porque temos memória, não esquecemos Cavaco, tal como não esquecemos os seus ministros. Não esquecemos as violentas cargas polícias sofridas, pelas escadarias da Assembleia da República e dentro das Universidades. Não esquecemos o spot da TSF que, da ponte 25 de Abril, lançava o grito para que "gajos ricos, gajos pobres"; se juntassem. Não esquecemos os políticos que Cavaco formou e que o continuaram; Durão Barroso, Santana Lopes, Valentim Loureiro, Isaltino Morais ou Alberto João Jardim. Não esquecemos em Cavaco, o contínuo desrespeito por tudo o que era cultura, arte ou memória. E também não esquecemos aquele dia em que Cavaco perdeu e que nos deixou reentrarmo-nos em torno das nossas vidas. Fomos desobedientes naquela altura e agora torna a ser necessário voltar a sê-lo!

    Ana
    Carlos Guedes [G.]
    Filipe Gil
    João Miguel Almeida
    João Paulo Saraiva
    Nuno Espadinha
    Tiago Mota Saraiva
    Z. N.

Centro de Estudos do Cavaquismo

    Quem faz uma procura na Internet sobre os anos em que este país viveu sob a égide de Cavaco, encontra muito pouca informação, quase nada. O Cavaco Fora de Belém é um blogue que pretende reavivar as memórias do que foi esse período negro da história de Portugal. Para tal propomo-nos recolher relatos, documentos, arquivos, imagens ou videos em formato digital, que nos permitam construir a história desse período e colocá-la online. Os vossos contributos, vindo directamente das caves e dos sotãos da história, podem ser enviados para este email: cavacoforabelem (@) gmail | com

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