Um texto a ter em conta:Passado este período eleitoral autárquico, chegou o momento que todos aguardam saber se, afinal, o homem que marcou parte de uma geração e de muitas juventudes, pelos piores motivos (ou não pelos melhores motivos), vai ser ou não candidato a presidente da República.
Nada de novo, afinal. Porém, desta vez, o dito senhor não irá certamente fazer a rodagem do carro até Belém e sair de lá presidente da República.Recordam-se deste homem que, depois de dez anos como primeiro-ministro, saiu num tabu com o país e com o seu partido? E que voltou meses depois, novamente em forma de tabu e nada disse. E que logo de seguida perdeu.Dez anos volvidos de muito silêncio e isolacionismo, este "académico" vai buscar a sua característica mais conhecida - o silêncio -, para se "mostrar" novamente aos portugueses.
De mansinho, sem fazer ondas, vai-se instalando, sem que ninguém saiba o que sente ou pensa dos múltiplos problemas concretos que Portugal atravessa.A última vez que em Portugal alguém apareceu assim, também chegou de mansinho, igualmente com uma imagem de grande profissional e académico (mas sem uma única exteriorização pública de posição alguma) e, quando demos por ele, ficou a "reinar" até cair da cadeira.
Este "novo" homem, ora recuperado, recebeu camiões diários de ECU e, mesmo assim, não deu um novo rumo ao país. Que, com mais camiões ainda, encontrou forma de deixar milhares e milhares de trabalhadores precários a manter o funcionamento do Estado português.Foi ele que assegurou que, desse por onde desse, todos pagariam a sua educação e quem protestasse seria violentamente reprimido. Que assegurou que a Segurança Social pública não tinha sentido e, por isso, mais valia um sistema privado de protecção social como o dos Estados Unidos, em que a pobreza existe, mas não se vê (excepto quando há furacões!).Foi ele que travou o descontentamento de polícias com canhões de pressão de água e gás lacrimogéneo.
Foi aquele que não quis saber da Imprensa, pois esta não diz a verdade e não lhe merece respeito. Foi aquele que não quis saber do Mundo, pois nunca se engana e raramente tem dúvidas.Este homem procurou criar uma sociedade e uma geração que fosse egoisticamente competitiva e não saudavelmente cooperativa e progressista.O homem que não chegou a dizer que Portugal está orgulhosamente só, mas não defendeu a entrada de Portugal na CEE.
O homem que defendeu que cada um de nós é um número (a mais ou a menos) e que é individualmente que temos de tratar da nossa vidinha e esquecer os outros, pois só empatam!Este homem quer agora pôr o país em suspense, à espera que ele seja o D. Sebastião, o salvador da Pátria. Ou mesmo à espera que ele seja o Príncipe Perfeito. Este homem quer que esqueçamos aquilo que todos conhecemos, mas de que poucos já se lembram e que, com aquilo que ninguém ouviu da sua boca, o declarem líder salvador de Portugal.Líderes como o JFK, W. Churchill, Nelson Mandela, F. Mitterrand são líderes que se comprometem. Líderes que lutam por aquilo que acreditam e que combatem aquilo em que não acreditam. Com líderes como estes, o povo sai à rua por eles, abraça com eles as suas causas. Estes são líderes democráticos.
Os líderes democráticos ouvem o povo e procuram que este acredite neles e os siga, não promovem um seguidismo cego ou mesmo despido de cor, brilho ou ideal.Os líderes democráticos esperam que, se for caso disso, o povo lhes diga que "o rei vai nu", (!) e que eles possam refutar dizendo e descrevendo as suas pomposas vestes. Ao contrário destas grandes figuras internacionais, que "novo" homem é este, tão perfeito, que se alguém lhe disser que "vai nu" ninguém consegue sequer imaginar como vai descrever as suas vestes.As vestes são claras autoritarismo e arrogância de quem não quer discutir com o povo.
O lobo vestido de cordeiro!Professor Cavaco Silva, por uma vez, mostre-se para que todos o possam ver!"Por Jamila Madeira - Eurodeputada
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