Recordar Cavaco


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Recordar os 10 anos de governação de Cavaco será, para muitos, um exercício doloroso. É, no entanto, urgente e necessário. Os anos do suposto oásis anunciado por Braga de Macedo. Os anos em que a torneira europeia jorrava de forma incansável. Em que os fundos eram distribuídos sem o menor respeito pelas regras. Em que os tractores no Alentejo eram todos Mercedes, BMW ou Range Rover. Os anos que lançaram o nosso declínio. Em que vimos o avanço irlandês e espanhol.
Passados estes 10 anos, Cavaco mergulhou na penumbra. Saíu para testar a memória dos portugueses, à 10 anos atrás. Os portugueses demonstraram-lhe que ainda se lembravam dele e deram a Presidência a Sampaio.
Mais 10 anos se passaram. E Cavaco voltou para a penumbra. Chegou mesmo a dizer que a política lhe prejudicava a vida académica. Reaparece novamente, qual D. Sebastião, quando a direita perdeu o Governo. Alimentou o tabu da forma que quis e viu a comunicação social preparar-lhe o caminho como se de uma operação de cosmética se tratasse.
Ontem surgiu sozinho. As figuras do passado incomodam muita gente. Mas incomodam, principalmente, o próprio Cavaco. Ele que sabe que o pior do cavaquismo estará, também, nos próprios cavaquistas. A Jota ainda gritou que estava com ele. E ele sorriu. De forma forçada e amarela.
A luta vai começar. E até 2006 todos os esforços serão poucos para impossibilitar que o Homem que come Bolo-Rei para fugir às questões dos jornalistas regresse à ribalta. Vamos fazer-lhe um favor. E possibilitar-lhe a continuação de uma brilhante carreira académica!


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Quem somos?

    Fazemos parte de uma geração que nasceu politicamente com Cavaco Silva como Primeiro-Ministro. Organizámos e participámos em manifestações, vigílias e reuniões por um mundo que sabíamos não dever ser dominado por um gestor iluminado que com discursos de rigor escondia o desenhar da crise em que continuamos a viver. Porque temos memória, não esquecemos Cavaco, tal como não esquecemos os seus ministros. Não esquecemos as violentas cargas polícias sofridas, pelas escadarias da Assembleia da República e dentro das Universidades. Não esquecemos o spot da TSF que, da ponte 25 de Abril, lançava o grito para que "gajos ricos, gajos pobres"; se juntassem. Não esquecemos os políticos que Cavaco formou e que o continuaram; Durão Barroso, Santana Lopes, Valentim Loureiro, Isaltino Morais ou Alberto João Jardim. Não esquecemos em Cavaco, o contínuo desrespeito por tudo o que era cultura, arte ou memória. E também não esquecemos aquele dia em que Cavaco perdeu e que nos deixou reentrarmo-nos em torno das nossas vidas. Fomos desobedientes naquela altura e agora torna a ser necessário voltar a sê-lo!

    Ana
    Carlos Guedes [G.]
    Filipe Gil
    João Miguel Almeida
    João Paulo Saraiva
    Nuno Espadinha
    Tiago Mota Saraiva
    Z. N.

Centro de Estudos do Cavaquismo

    Quem faz uma procura na Internet sobre os anos em que este país viveu sob a égide de Cavaco, encontra muito pouca informação, quase nada. O Cavaco Fora de Belém é um blogue que pretende reavivar as memórias do que foi esse período negro da história de Portugal. Para tal propomo-nos recolher relatos, documentos, arquivos, imagens ou videos em formato digital, que nos permitam construir a história desse período e colocá-la online. Os vossos contributos, vindo directamente das caves e dos sotãos da história, podem ser enviados para este email: cavacoforabelem (@) gmail | com

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