-- Ó, avó, por que é que o avô não é um político profissional?...
-- Meu amor, a avó explica: o avô não é um político profissional, porque um político profissional é uma pessoa sem princípios, que só vai para a Política para se encher à custa dos dinheiros do Estado, para dar golpes que só favorecem os amigos, para traficar influências, para vender o que não é dele, para se meter no tráfico da Droga, das Armas e dos Escravos, para comprar a Justiça, para fazer obras de fachada, para criar empresas fantasma, para fazer fraudes com I.V.A., facturas e despesas, para não pagar impostos, para comprar diplomas e ser tratado por "senhor doutor", para comprar grandes casas e carros, ou utilizar os automóveis, e os helicópteros e os aviões do Estado como se fossem dele, e, pior do que isso tudo, para tentar ficar no Poder para sempre!...
-- E o avô?...
-- Querido, o avô não enriqueceu na política, estes móveis que tu vês aqui foram todos comprados com um salário miserável na Universitólica Caquética, e com umas bainhas que a avó ia levantando todos os dias, por fora, de umas calças e saias... Isso é uma coisa que tu podes dizer a todos os teus amigos, lá no colégio: o avô nunca roubou nada a ninguém!...
-- Ó, vó, e o avô tem amigos que são políticos profissionais?...
-- Claro, querido, o teu vovô tem muitos amigos que são políticos profissionais, que tu até conheces, porque têm vindo muito cá a casa nos últimos meses.
-- E eles são mesmo amigos do avô?
-- Claro que sim, e o avô também é muito amigo deles, e é por causa de serem todos muito amigos que eles vêm cá todos os dias apoiar o avô para ser Presidente da República, e eles poderem voltar à política profissional, com a protecção do avô, como acontecia quando tu ainda não eras nascido.
(Cai o pano - Copyright das bainhas "Mary, modesty and modisty, S.A., Boliqueime-upon-Avon, U.K.")
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Quem somos?
Fazemos parte de uma geração que nasceu politicamente com Cavaco Silva como Primeiro-Ministro. Organizámos e participámos em manifestações, vigílias e reuniões por um mundo que sabíamos não dever ser dominado por um gestor iluminado que com discursos de rigor escondia o desenhar da crise em que continuamos a viver. Porque temos memória, não esquecemos Cavaco, tal como não esquecemos os seus ministros. Não esquecemos as violentas cargas polícias sofridas, pelas escadarias da Assembleia da República e dentro das Universidades. Não esquecemos o spot da TSF que, da ponte 25 de Abril, lançava o grito para que "gajos ricos, gajos pobres"; se juntassem. Não esquecemos os políticos que Cavaco formou e que o continuaram; Durão Barroso, Santana Lopes, Valentim Loureiro, Isaltino Morais ou Alberto João Jardim. Não esquecemos em Cavaco, o contínuo desrespeito por tudo o que era cultura, arte ou memória. E também não esquecemos aquele dia em que Cavaco perdeu e que nos deixou reentrarmo-nos em torno das nossas vidas. Fomos desobedientes naquela altura e agora torna a ser necessário voltar a sê-lo!
Ana
Carlos Guedes [G.]
Filipe Gil
João Miguel Almeida
João Paulo Saraiva
Nuno Espadinha
Tiago Mota Saraiva
Z. N.
Quem faz uma procura na Internet sobre os anos em que este país viveu sob a égide de Cavaco, encontra muito pouca informação, quase nada. O Cavaco Fora de Belém é um blogue que pretende reavivar as memórias do que foi esse período negro da história de Portugal. Para tal propomo-nos recolher relatos, documentos, arquivos, imagens ou videos em formato digital, que nos permitam construir a história desse período e colocá-la online. Os vossos contributos, vindo directamente das caves e dos sotãos da história, podem ser enviados para este email: cavacoforabelem (@) gmail | com
Metadiálogos de Boliqueime (XI)
-- Ó, avó, por que é que o avô não é um político profissional?...
-- Meu amor, a avó explica: o avô não é um político profissional, porque um político profissional é uma pessoa sem princípios, que só vai para a Política para se encher à custa dos dinheiros do Estado, para dar golpes que só favorecem os amigos, para traficar influências, para vender o que não é dele, para se meter no tráfico da Droga, das Armas e dos Escravos, para comprar a Justiça, para fazer obras de fachada, para criar empresas fantasma, para fazer fraudes com I.V.A., facturas e despesas, para não pagar impostos, para comprar diplomas e ser tratado por "senhor doutor", para comprar grandes casas e carros, ou utilizar os automóveis, e os helicópteros e os aviões do Estado como se fossem dele, e, pior do que isso tudo, para tentar ficar no Poder para sempre!...
-- E o avô?...
-- Querido, o avô não enriqueceu na política, estes móveis que tu vês aqui foram todos comprados com um salário miserável na Universitólica Caquética, e com umas bainhas que a avó ia levantando todos os dias, por fora, de umas calças e saias... Isso é uma coisa que tu podes dizer a todos os teus amigos, lá no colégio: o avô nunca roubou nada a ninguém!...
-- Ó, vó, e o avô tem amigos que são políticos profissionais?...
-- Claro, querido, o teu vovô tem muitos amigos que são políticos profissionais, que tu até conheces, porque têm vindo muito cá a casa nos últimos meses.
-- E eles são mesmo amigos do avô?
-- Claro que sim, e o avô também é muito amigo deles, e é por causa de serem todos muito amigos que eles vêm cá todos os dias apoiar o avô para ser Presidente da República, e eles poderem voltar à política profissional, com a protecção do avô, como acontecia quando tu ainda não eras nascido.
(Cai o pano - Copyright das bainhas "Mary, modesty and modisty, S.A., Boliqueime-upon-Avon, U.K.")