Quem somos?
Fazemos parte de uma geração que nasceu politicamente com Cavaco Silva como Primeiro-Ministro. Organizámos e participámos em manifestações, vigílias e reuniões por um mundo que sabíamos não dever ser dominado por um gestor iluminado que com discursos de rigor escondia o desenhar da crise em que continuamos a viver. Porque temos memória, não esquecemos Cavaco, tal como não esquecemos os seus ministros. Não esquecemos as violentas cargas polícias sofridas, pelas escadarias da Assembleia da República e dentro das Universidades. Não esquecemos o spot da TSF que, da ponte 25 de Abril, lançava o grito para que "gajos ricos, gajos pobres"; se juntassem. Não esquecemos os políticos que Cavaco formou e que o continuaram; Durão Barroso, Santana Lopes, Valentim Loureiro, Isaltino Morais ou Alberto João Jardim. Não esquecemos em Cavaco, o contínuo desrespeito por tudo o que era cultura, arte ou memória. E também não esquecemos aquele dia em que Cavaco perdeu e que nos deixou reentrarmo-nos em torno das nossas vidas. Fomos desobedientes naquela altura e agora torna a ser necessário voltar a sê-lo!
Ana
Carlos Guedes [G.]
Filipe Gil
João Miguel Almeida
João Paulo Saraiva
Nuno Espadinha
Tiago Mota Saraiva
Z. N.
http://great-portuguese-disaster.blogspot.com/
Metadiálogos de Boliqueime (X)
-- Ó, avó, por que é que o avô, quando era o homem mais importante de Portugal, andava sempre de um lado para o outro, num carro blindado?...
(Silêncio. Maria, Modesta e Modista, põe o seu tom de Cinderela compungida, e avança)
-- ... querido... Onde é que tu ouviste isso?...
-- Vó..., foi a minha professora..., lá no colégio, que disse!...
-- Será que essa professora não se cala nunca!!!???...
-- Ó, vó, mas é verdade que o avô andava sempre num carro à prova de bala, e que mais nenhum político antes dele, tinha andado em Portugal num carro à prova de bala?...
-- Meu fofinho, o vovô andava sempre num carro blindado, para evitar que o povo, sempre que o via, se agarrasse a ele, a dar muitos abraços, e beijinhos. Tu não querias que o avô, quando chegasse a casa, viesse cheio de dentadas, de chupões, de nódoas negras, com bocados a menos, enfim, aquelas provas todas que dão aqueles que realmente amam, pois não?...
(cai o pano, por acaso, com bainhas feitas pela própria Maria)